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Arquitetos: taller11
- Área: 236 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Atzar López Vilanova
Descrição enviada pela equipe de projeto. Este projeto nasce da combinação das demandas iniciais dos clientes em relação ao programa e as características do entorno urbano pouco consolidado onde o projeto se encontra, com as condicionantes adicionais de tratar-se um terreno entre empenas cegas construído apenas de um lado e com um orçamento inicial limitado.
Os moradores são um casal com duas filhas. Com esta condição, e adicionando a demanda de incorporar espaços multiuso, foi feito um pré-dimensionamento da superfície necessária para atender as necessidades do programa: o resultado fica muito abaixo da superfície construída máxima permitida (cerca de 150 m² necessários < 270 m² possíveis pela legislação, excluindo o sótão).
O projeto, então, propôs a retirada do volume construído na empena sudoeste, mantendo a volumetria máxima permitida, mas liberando uma faixa com boa orientação. Assim, foi adicionado um volume translúcido e captador que funciona como um espaço intermediário capaz de melhorar as condições dos interiores. Este gesto minimiza a superfície construída e climatizada para o estritamente necessário, reduz o custo da obra e oferece um espaço com características diferenciadas e confortáveis com um preço reduzido.
O espaço intermediário foi resolvido como uma construção leve (transparência, captação, resposta rápida) e o volume de espaços internos como construção úmida (inércia térmica, estabilidade, resposta lenta). No entanto, as paredes divisórias internas e a escada são leves, o que facilita futuras modificações, unifica a percepção espacial do conjunto e torna mais amigáveis as superfícies próximas aos moradores.
Para aumentar a acumulação passiva de energia da casa, foram incorporadas soluções construtivas que promovem inércia térmica. Por motivos econômicos, de tradição construtiva e velocidade de execução, a estrutura dos espaços internos foi resolvida em blocos de concreto, cujas cavidades foram preenchidas com terra compactada oriunda dos trabalhos de escavação. Dessa forma, se obtém um sistema construtivo de baixo custo com grande inércia térmica e bom desempenho higrotérmico, que reduz a produção de resíduos de obra. A parede que separa os dois espaços da casa (uma empena interna) não recebeu isolamento e, por isso, funciona como acumuladora da radiação solar incidente, mantendo a casa aquecida durante a noite. A espessura foi dimensionada especificamente para essa função, garantindo que esse elemento compense as perdas energéticas.
Aproveitou-se o volume intermediário para melhorar o desempenho da unidade externa do sistema de aerotermia, fazendo com que haja uma troca entre lado de fora e de dentro, e também para realizar as renovações de ar interno, reduzindo as perdas. A esta estratégia, somam-se grandes aberturas na fachada sudeste, ventilação cruzada e noturna e isolamento generoso com painel de fibra de madeira não apenas nas fachadas e cobertura, mas também na empena nordeste. O único sistema de climatização da casa é um piso radiante de 20 cm de concreto no térreo, cujo calor é transmitido através da massa das lajes (de concreto) e da escada até os espaços superiores.